terça-feira, 28 de abril de 2009

Ary do Santos

(O Senhor)

Em nome dos que choram,
Dos que sofrem,
Dos que acendem na noite o facho da revolta
E que de noite morrem,
Com a esperança nos olhos e arames em volta.
Em nome dos que sonham com palavras
De amor e paz que nunca foram ditas,
Em nome dos que rezam em silêncio
E falam em silêncio
E estendem em silêncio as duas mãos aflitas.
Em nome dos que pedem em segredo
A esmola que os humilha e os destrói
E devoram as lágrimas e o medo
Quando a fome lhes dói
Em nome dos que dormem ao relento
Numa cama de chuva com lençóis de vento
O sono da miséria, terrível e profundo.
Em nome dos teus filhos que esqueceste,
Filho de Deus que nunca mais nasceste,
Volta outra vez ao mundo!

Ary dos SantosVinte anos de poesia

quinta-feira, 2 de abril de 2009

DESILUSÃO

Esta dor que me atormenta
Que me causa náuseas e tristeza
Com esta crise tão conveniente
Sinto vergonha de ser portuguesa

Alteraram as leis e mudaram-se regras
Em nome do progresso e da Nação
E o povo que trabalhou a vida inteira
É que sente as dificuldades de não ter pão

Magistrados e governantes
Dão voltas e reviravoltas e tantas coisas que nem sei
Dão tempo ao tempo para que passe
Num Pais sem justiça e sem lei.

Nesta guerra onde o povo e inocente
E que vai servindo de distracção
Prescreve uma burla que rendeu milhões
Enquanto o povo volta à escravidão
Rosamaria

quarta-feira, 1 de abril de 2009

NAQUELE LUGAR

Há se pudesses saber como eu me senti
Na hora em que te vi naquele lugar
Olhei para ti sem te ver
Porque a pessoa que um dia conheci
Não a vi diante do meu olhar.

Mas estavas ali, que eu sei
Porque me vieram contar
foi-me indiferente a tua presença
Nem senti a curiosidade de espreitar.

Falaram-me de ti
Mas acredita que nem sequer liguei
Não dei importância as palavras
Nem ao que me vieram contar

Vim embora sem olhar para trás
Esquecida que estavas naquele lugar
Passei por ti distraída e segui em frente
feliz e com o meu coração em paz
Rosamaria