terça-feira, 18 de agosto de 2009

Um dia na Praia da Comporta.

Chegamos bem cedo, eu mais, quatro amigas, mas já se amontoavam as tolhas ao longo da praia e os chapéus-de-sol cobriam todo o areal numa longa extensão, tapando a geleira com alimentos e as bebidas frescos.
Mais além junto ao mar, corpos de todas as idades e tamanhos aguardavam que a água viesse molhar-lhes os pés, para pouco a pouco se envolverem no abraço da onda e mergulhar, nesse imenso mar onde crianças e adultos brincaram ate adormecerem.
Não, havia ondulação e a água quente e pouco profunda, permitindo-nos nadar ao longo da praia, pelo menos a mim que não gosto de me alargar muito.
As minhas amigas também estavam contentes pois, o tempo permitiu-nos passar um dia agradável junto ao mar longe do calor abrasador que fazia na nossa cidade.
Escusado será dizer que me diverti, a chapinhar na água tal como uma adolescente e me permiti sonhar acordada.
É tão bom sonhar, viajar com o pensamento para qualquer lugar no tempo e poder-mos viver a aventura fantástica numa emoção extraordinário dum encontro com a natureza e deixar que ela nos envolva com a sua beleza cheia de amor.

Recordei-me dos tempos da minha infância em que ia com os meus pais juntamente com outras famílias em excursões, passar o dia a praia da Figueira da Foz.
Alugavam-se barracas na praia de cores as riscas onde nós crianças vestiam os fatos de banho feitos pela costureira, com rendas folhos e laços iguais aos dos adultos, de pernas compridas, a tapar-nos até ao pescoço.
Os nossos pais sentavam-se junto a barraca feita com paus e tecido as riscas azuis e branco ou verde e branca que se espalhavam por uma boa parte do areal. Vendo-nos brincar, mostrando as pernas só até ao joelhos, para apanhar sol e ficavam ali junto dos cestos de verga cheios de alimentos, enquanto na areia molhada o garrafãozito forrado de palha com a água-pé, aguardava a hora do almoço. Nós, as crianças desse tempo bebia-mos os pirolitos que tinham como brinde o berlinde e delirava-mos aos gritos cada vez que passava o homem a apregoar a bolacha americana.
Lembram-se?
Já quase ninguém se lembra, são coisas de outros tempos, mas era o ontem da minha vida e também dessa gente, que me tornou na pessoa que hoje sou, inconformada, desiludida com o rumo destes tempos em que o homem esqueceu de sonhar.
Envolta nos meus pensamentos, por momentos achei que Elvas havia mudado o seu lugar, no mapa de Portugal, ao ver-me a cumprimentar as pessoas que passavam a meu lado a beira mar.